quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Solidade

O cidadão solto
ou ser da cidade
é bicho-do-mato
na vida levada

Sonhou ter alívio
da pressão da pedra
e a perda da pressa
apressou-se em buscar

Mas tempo não via
pois não lhe faltava
conquanto sobrasse
de não inventá-lo

História ironia
nervoso se fez:
tranqüilo trocou
seus trocos por tralhas

Comida por prato
bebida por copo...
contente enfiou-se
num recipente

Só sai pra pegar
areia pro vidro
fechar-se em garrafa
virar ampulheta

Comprou compradores
criou comprimidos
compare, comprove:
primata oprimiu

E o dessentimento
que agora lhe invade
é fruto do fruto
que tanto lhe furta

Nos dias às noites
trapalha atrabalha
na tela a mazela
da lâmpada o bulbo

O carro o carrega
mas não se encarrega
da tosse da urgência
da chaga a fumaça

O mar não suporta
seus barcos besuntos
seus óleos motores
seus olhos petróleos

As carnes mulheres
os porcos perversos
os prados pastados
os pobres enfermos

Imagem emite
sonoro a si mesmo
de mente o controle
ao outro se omite

Calado consome
prazer onanista
conquista por fim
a imobilidade:

Um cidadão solto
ou ser da cidade
nem bem liberdão
quão não solidade

Um comentário:

Anônimo disse...

poema mto bem construido!
tua autoria neh?