quarta-feira, 31 de outubro de 2007

AdlibildA

Uma tentativa livre
outra versificação de trovas
ou de truques criativos
que seja, que venha
ou se afaste

Sem participação da massa
ou espelho meu transverso
que ensejo, desgraça
essa criação divina
é terrena

E o pensamento preso
ou prensado contra cada estrofe
um espasmo voluntário
anti-gozo, sim
anti-heróico

Que decepção seria
se a mim só e só isso coubesse
se regozijando o ego
feiura, orgulho
o umbigo

E ao som me solto em metro
nesta semprisão bem construída
de escrever e sim
se entender-se é só o fim
começou

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O novo cd do Radiohead foi lançado para venda pela internet, encomenda ou download, e o consumidor determina o preço que quer pagar. Se não acredita, visite o site. Eu comprei. A jogada é esperta, na minha opinião, pois desafia tanto a troca livre e gratuita de músicas quanto a megalomaníaca indústria fonográfica, e eles não deixam de ganhar o deles. Aqui tem uma das minhas preferidas. Pense o que quiser, faça o que quiser, hoje eu não quero mesmo me preocupar com você. E você?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Sem eutanásia para o Papa

Texto de 5/4/2005 escrito por mim para o blog jornalismado.blogspot.com.

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Se fôssemos católicos mexicanos (por que não?), estaríamos comemorando a morte do Papa. Explico: nesta cultura, a morte é tratada com festa, como uma celebração à vida do ente que acaba de deixá-la. Deixá-la, diga-se, nos corações e nas mentes de quem o conheceu, para deixar também seu legado, sua sabedoria, sua velhice.

Essa relação é resultado de uma tradição herdada dos povos nativos que viviam no país antes da chegada dos europeus. Os nahua, os otomi, os purepecha e os totonac, povos pertencentes às civilizações maia e asteca, acreditavam que uma vez por ano, no Dia de Finados, os mortos vinham visitar os vivos. Isso provaria, na concepção deles, que os mortos viviam em um mundo paralelo bastante semelhante ao dos vivos e que era perfeitamente possível o contato entre os dois. Na cultura desses antepassados, a crença era motivo de festa. E essa tradição permanece até hoje entre os mexicanos. Música, decoração especial e o melhor da culinária local fazem parte da comemoração. Nas casas, costuma-se armar um altar em homenagem aos falecidos. Mas a tristeza passa longe.

Um povo que lida bem com a morte, vive melhor. No entanto, aqui por estas bandas, aqui no quintalzinho dos States, medo. Cá como lá e na velha "mãe" Europa. Um luto medroso pela morte da americana Terri Schiavo, porém tímido e fugaz, e um luto apavorado e grandioso diante da figura esbranquiçada daquele que tão bem lutou contra a pecaminosa liberdade.

No caso de Schiavo, o que sentimos foi a dor de um rosto inexpressivo, que nos é indolor, ao mesmo tempo. É uma dor que não pode mais distribuir sorrisos falsos, sinais de positivo para as câmeras, posar com o presidente intrometido para fotos de agências de notícias pasteurizadas. É a dor da morte sem máscara, sem o filtro da ciência que tudo pode, tudo conserta, tudo limpa. Morte da qual não se pode fugir, o que é tão natural. Morte, e nada mais.

Crescente medo da morte, um irracional pavor do fim das coisas, como se acordássemos todos do torpor tecnológico que nos faz (nós, seres virtuais internéticos) parecer eternos. Estranhamos a velhice como uma doença incurável. Doença não é. E a cura, não há Bill Gates que encontre. Como os republicanos dos EUA no caso Terri, queremos fazer da morte um pecado. Como os democratas dos EUA, deixamos a morte morrer de fome, como se não fizesse parte de nós, e achamos assim que ela irá embora, sem peso na consciência por tamanha crueldade.

Uma semana curta para tanta choradeira. E continuamos a ignorar o fundamentalismo explícito em ambas as situações: a morte lenta de Schiavo, o triunfo do moralismo com que os EUA governam a si próprios e estendem para o resto do mundo com seus dedos elásticos. A morte do Papa, o triunfo de uma das maiores e mais bem sucedidas jogadas de marketing (todo seu papado) já feitas pela Igreja desde sua fundação, uma insituição que consegue se manter como a mais antiga nesta aura mística e dourada e abrir caminho pelos anos 2000 com sua cúpula pontiaguda.

O que não se percebe é que a lenta morte do Papa (desde que ele começou a morrer por aí na televisão e nos jornais), que durou anos, foi o rápido renascimento do fundamentalismo religioso romano. Vejam que não há Cristo na Igreja Católica Apostólica Romana. E nossa Roma tecno-bélica agradece: impede a morte natural para impor a morte matemática e numérica no Iraque, como se ao presidente do mundo coubesse decidir os destinos de todos, como se fosse... Quem? E a eutanásia quem quer é o povo, mas nem isso pode.

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Baixem música de graça: Sonolento, do AllanZi que vos des-fala. Canção (mp3) e letra (txt).

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sombras: uma análise física que vai à meta

Amigos, irmãos, parceiros de mais esta jornada, vida, existência!

Hoje, sob a luz da física e da metafísica, falarei um pouco sobre sombras. Sim, sob um foco de luz, afinal, sem luz não há sombras, apesar das sombras serem, de certa forma, a ausência de luz. Vamos iluminar esse pensamento.

Começarei por onde nossa razão foi levada escolarmente a equacionar, pela Física Clássica. Na definição da física, sombra seria a região de um espaço em que nenhum raio luminoso proveniente de uma fonte chega, devido à presença de determinado obstáculo. Quem nunca ficou olhando a própria sombra projetada pelo Sol no chão, na parede, ou em qualquer ser próximo a nós? Quem já olhou, deve então ter percebido que a nossa sombra nada mais é do que uma projeção sem luz de nós mesmos.

Tomando a fonte de luz como aquilo que ilumina o nosso próprio ser, o obstáculo como o nosso próprio ser, e a sombra como a projeção sem luz de nosso próprio ser, pergunto: O que seria a fonte que nos ilumina? Tudo aquilo que realmente nos motiva, nos dá ânimo pra prosseguir, dia após dia, nosso ideal de felicidade, que pode ser um outro ser e/ou um objetivo. Somos nós um obstáculo? Oferecemos resistência à luz de outros seres e/ou de nossos objetivos? Respondam vocês mesmos. A presença das sombras em nossas vidas e cotidianos é inevitável? Equacionarei essa questão com base na Física de Aristóteles, a física do imaterial, voltando ao tempo para ir além, usando a Metafísica (em grego, metha = depois, além).

Se na presença da fonte luminosa somos um obstáculo à luz emanada, realmente as sombras são inevitáveis. Porém, existe um fato que devo lembrar a todos: só é possível observar a presença da própria sombra se desviamos o nosso objetivo da fonte luminosa! Só vemos a nossa própria sombra com a nossa fonte de luz à frente, e nosso olhar para trás! Ou seja, ao observarmos a nossa própria sombra, estamos fora de nossos focos, caminhos e direções, que rumam em busca da nossa realização.

Examinemos, com base no que foi concluído, as sombras que estão ao redor, as diversas projeções sem luz que nos cercam. Quais delas são nossas e quais delas não são? Todo o sombrio externo observado vem de seres fora de seus próprios caminhos, ou estão simplesmente englobados em nossas próprias escuras projeções?

Para terminar com esse papo obscuro, quero dizer que não somos eternos obstáculos à luz. Nem que o somos a todo instante. Em minha caminhada pela (meta)física, constatei que o objeto que é um obstáculo parcial à luz, ou seja, uma espécie de segundo estágio em relação ao anterior, é o objeto denominado translúcido. Então, queridos semelhantes, se sombras lhe atrapalham o caminho, não percam seus focos e busquem a translucidez.... trans-lucidez!!!

L.H.M.
Namastê

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Como já é de praxe, o intrometido do descriador do blog vai dar o seu pitaco no texto do amigo autor não-tão-anônimo. Mas, como também é costumeiro, a idéia é somar, pois suponho que adquirir conhecimento faça parte da meta de nossos caros não-leitores... Portanto, sugiro complementar essa leitura com esta referência wiki (isso é clicável) sobre o Mito da Caverna, de Platão. Apreciador de e desentendedor que sou em filosofia, creio que isso possa lançar uma luz sobre a questão da projeção de sombras, e não só no universo espiritual, físico e metafísico, como também no político. É só refletir, luzir, reluzir e transluzir. A imagem que usei para ilustrar o texto é uma das milhares de alegorias feitas do tal Mito. Deixo aqui também um link (linklique) para uma música de minha autoria chamada "Da Música", que, vai saber, pode amarrar bem tudo isso auditivamente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vagabalho Trabalhundo - Gênese

Mais um entre tantos. Um blog substantivado do inglês eletrônico. Postem, meus amigos, postem esses verbos esquisitos, brancos ou cor creme-pc, ou deleitar-me-ei no delete com requintes sádicos de dedos-falos, poder de teclas. Teclo. E só não troco tudo por isso, só não cobro de vocês a minha conta, porque é virtual. E só não é virtuoso porque vício inverso é em versos luxo. Palavra versus número e eis que o Algarismo palavrou: "Faça-se o verbo!" - e o blog se fez, como zero entre uns.

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Texto escrito por mim em 24.03.05, tirado de um antigo blog mantido por colegas de faculdade: jornalismado.blogspot.com. Postarei mais um texto oriundo deste.

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Música do dia: AllanZi - Late Worker. Clique no link, depois no botão "FREE". Complete a verificação pedida e dáumlôudi! Essa é a última vez que vou explicar, sei lá porquê. E também será a primeira e última vez que digo que se ninguém baixar o arquivo se esvai, como vapor... puf... portanto baixem!