quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O retorno de mim

Sou homem, ou pelo menos desejo ser
Não se pode ser o que não se almeja
Um assassino o é porque assim o quis
Um conde, um palhaço
todos anseios deles
mas tudo justificado
ou seria, se ao menos admitissem

Eu admito, pela primeira vez
que quero ser homem
mas já quis não querer

Confessando-o
de qualquer forma
me aproximo de Deus

É uma forma mesquinha
mas não hipócrita

Se quisesse ser Deus
Deus me faria homem
para que desejasse ser-me
desde o começo

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Suportando escolhas

Fiquei sem postar nada um tempo e foi por bons motivos que escolhi (não) fazê-lo. Digo isso porque o tema dessa postagem de recomeço é justamente esse: escolhas. Isso vai abrir um precedente aqui, pois será um post na linha da autoajuda, isso mesmo, mas do tipo legal. Tenho lido com assiduidade alguns blogs, especialmente o zenhabits e o theminimalists, e isso tem mudado a minha vida. Diferentemente dessa literatura que (só) se vê nas vitrines de grandes redes livreiras e anúncios internéticos afins, é um tipo de texto sobre o qual, depois de lido, não se pode falar "tá tudo errado", ou "eu nunca vou fazer isso".

Não vou mandar ninguém seguir 10 passos para ficar rico ou ser um chefe fantástico, ou conquistar o seu grande amor (dica do meu grande amor, que acabou de cantar isso no meu ouvido), etc... São coisas que a gente sente estarem certas, pois fazem um sentido natural, ancestral, corporal e espiritual. E aquilo que a gente sente, como vamos descobrindo ao longo da vida, tem muito mais valor do que aquilo que a gente pensa. A intuição, inclusive, tem muito a ver com o que quero falar, e é melhor que eu comece logo.

Temos que apoiar nossas próprias escolhas. Nada vai mudar se ficarmos criticando o que nós mesmos escolhemos para nossas vidas, não importa se são decisões minúsculas ou profundas, se inócuas ou se revolucionaram alguma coisa, ou atingiram outras pessoas. Você vai se sentir muito melhor se apenas aceitar que fez essa ou aquela opção, e pronto. Além de ser muito fina e quebradiça essa linha entre o certo e o errado, que não vamos discutir aqui, o desfecho da sua escolha será sempre positivo: algo mudou a partir dela e isso fez com que sua vida avançasse.

Uma associação curiosa que podemos fazer é com a palavra usada para dizer "apoio" ou "sustentação" em inglês: support. E sim, nós temos que suportar, aturar, mesmo, tudo o que decorreu de nossas decisões. Mas assim como isso pode remeter à ideia de dever ou responsabilidade, esse negócio de suporte pode também vir carregado de coisas boas, como um desafio interessante que você colocou para si mesmo e que te motiva a seguir em frente. Pense numa coisa que você queria ter feito diferente. Pensou? Esqueça; você já fez desse jeito. E agora está aí uma solução esperando que você a escolha para agir e melhorar tudo o que quiser.

Você pode querer não ter escolhido morar no bairro onde mora, trabalhar no lugar em que trabalha, namorar ou casar com quem você está junto agora. Mas é preciso entender que algo lhe motivou a fazer todas essas escolhas; foi você quem as fez, então, por que não dar suporte a elas? Você pode escolher fazer escolhas diferentes no futuro, mas estas, você já fez.

Hoje, assim como em tantos outros dias, descobrimos mais uma maluquice de nosso cachorro, eu e minha esposa: ele gosta de tomar banho no chuveiro. O beagle mais lindo do mundo, indo tomar banho sozinho... uma coisa incrível. E a gente quase se arrependeu da escolha de ter mais um cachorro além da nossa outra linda beagle. Mas foi a melhor escolha do mundo!

Por último, mas não menos importante: a gente também deve "bancar" as escolhas que faz em conjunto ou aceita de outra parte. Seus pais, seu cônjuge, seus colegas de trabalho... Não adianta depois pensar que foi "ideia dele"! Sou muito feliz com as escolhas que fiz, mesmo que não sejam todas muitíssimo acertadas ou planejadas à exaustão. Nossa cabeça pode ficar confusa, porque lida com o que pensamos. Nosso coração sempre vai saber o que fazer, pois sabe o que sentimos.

P.S.: O cara da imagem é Atlas, aquele homem da mitologia grega que fica carregando (suportando) o mundo a vida toda... É mais ou menos o que a gente faz, não?