terça-feira, 6 de outubro de 2009

SeteS MeM InI MotionoitoM*

O corpo fala, a mente sente.

Os retraídos dizem tanto ao fugirem do movimento, esquivarem-se da externalidade de torcer o torso ou balançar os braços, num protesto silencioso e estaticamente inerte contra seus próprios anseios ocultos, desejo encerrado, libido embalada em razão.

Os extrovertidos, com energia extra e não menos sobejo desengonço, de tanto que querem falar acabam por abafar o raciocínio atrás de uma vaidade muscular, derrubando em êxtase a ideia de intimidade, distando dos próximos na vontade sôfrega de se aproximar.

O corpo fala, a mente sente.

E insistimos em verbalizar o que nunca foi preciso. Hoje sei que aquele porvir do beijo era beijo por vir e ficar, e agora conheço a tagarelice do amor: delata-me nervos, emos e ções, doces e quentes, sem proferir palavra.

Leio-te as entrelinhas de entreolhares, quero-te em suas linhas circulares, tenho-te no côncavo e convexo dos gestos que nos fazem e nos são. Sei-te agora, pois se antes te ouvia, hoje escuto. Se antes me parava, hoje me mexe, me move e comove - motor dos meus sonhos.

O corpo fala, a mente mente, e a alma em ação, enfim.

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* Set me in motion.