quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

A vida em xeque, ou terror cotidiano (parte 3 - final)

(link para parte 1)
(link para parte 2)

Baudrillard fala de um poder global dominante e um pensamento único. Isto é, afinal, a que me refiro quando cito "nosso estilo de vida". Buscamos fazer tudo igual, de maneira organizada, planificada, monótona e com pressa, mas para quê? Se isso não vem servindo para nos dar o absoluto conforto que desejamos com a obtenção de produtos, se ele não impede que fiquemos angustiados todos os dias a caminho do trabalho (se você ainda não sentiu essa angústia, vai sentir um dia), se não protege nossos filhos de sentirem a mesma angústia durante toda sua vida, estamos apenas promovendo a economia para ela mesma. O meio pelo meio, sem fim, sem luz no fim do túnel, sem esperança em um futuro melhor.

Enfrentar o terrorismo corporativo, mercadológico, econômico, correr sob o terror de morrer todos os dias, é o preço que você paga para ter tratamento exclusivo, ter oportunidade, usufruir benefícios agora mesmo, fazer alguma coisa já, ter o que é seu, aprimorar sua carreira, obter vantagem, ter acesso ao bem-estar, ter a possibilidade de ser valorizado, ganhar poder, ser maior que os outros e dar a si mesmo um futuro melhor. E todos esses valores só podem ser obtidos neste jogo único, uma cultura única de competição desleal contra o próximo, um jogo com cartas marcadas, no qual sempre haverá perdedores, excluídos, marginais. Mas você, você é um vencedor. Ou não é?

A quem teve a paciência de ler esta ladainha insípida, descontinuada e amalucada, um regalo: um trecho do documentário Koyaanisqatsi, do diretor Godfrey Reggio, de 1983. A palavra vem da linguagem indígena Hopi, e significa "vida fora de equilíbrio". Enjoy!

3 comentários:

Maraisa disse...

Uma vez fazendo um trabalho de faculdade, um jornalista me disse que vivemos em cubículos ou caixas isolados de todos, mesmo trabalhando com muitas pessoas ao mesmo tempo. Nós temos nosso cubículo casa, carro, escritório. Vivemos fechados pra tudo. Quando sai do trabalho, você sai da caixa escritório, entra na caixa elevador, depois na caixa carro, até chega na caixa casa. Chegamos ao individualismo...até quando???

Anônimo disse...

oi,
acabei de ler as tres partes do texto de uma vez.. acho mto interessante o q vc escreve.. tem ideias parecidas com as minhas...
isso q a Maraísa Bueno falou faz sentido... nunca tinha ouvido antes

acho o cotidiano uma loucura e só chegamos aos reais objetivos q nos interessam e nos satisfazem sa seguimos algo diferente do q eh oferecido pela massificaçao.. a beleza das coisas estah nos momentos mais simples e proximos a natureza... talvez seriamos mto mais felizes fora dessa loucura e agito q tantos tanto agradecem em viver numa cidade principalmente q nao para nem um segundo, sao paulo. mas essa loucura nos tira algumas coisas das quais poderiam ser pessoas mais satisfeitas como individuo e comunidade...

assiti o video.. eh loko... faz pensar...
bj
Ju

Anônimo disse...

Uau!
É impressionante como cada palavra é a pura realidade, é o nosso dia-a-dia.
Ter que conviver com as 'batalhas' no trabalho, no estudo... Em tudo!
Parece que o mundo é movido por competições. Usando o exemplo da Maraísa, é como se cada 'cubo' competisse com o outro, para conseguir ocupar o espaço do 'cubo inimigo'.
É bom refletir de vez em quando sobre esses assuntos, é bem como você disse: na maioria das vezes não vemos a hora de 'abacar logo com isso' para assim poder fazer algo mais 'útil', do que ficar lendo um texto sobre coisas que estamos 'cansados de ver'... o grande problema é que a maioria não enxerga isso!
... com certeza dá pra ficar discutindo durante horaaas sobre isso! =]

Um bom motivo para nos encontrarmos novamente, não acha?
Hahaha, brincadeira!
Parabéns novamente, Zi.. show de bolo o seu blog!
Beijãão!