sexta-feira, 2 de março de 2007

Bolsa insábia (uma pseudo-crônica) - parte 4

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Se precisar de uma via alternativa porque abriu um buraco em São Paulo, estará escrito em letras garrafais, num cavalete fosforescente, bem no meio da pista: VIA ALTERNATIVA ->. Se uma guerra civil estiver acontecendo na porta da sua casa, olha, algo me diz que você saberá com mais rapidez do que a agência Reuters poderia sonhar. Se morrer o presidente, ora, tem o vice: quando votou, lembra que tinha um vice? Ah, mas nenhum voto seu valeu muito mesmo, estão lá no poder do município, do Estado e do País caras que você adora odiar. Isso sem falar dos vereadores, senadores e deputados, que você nunca teve muita preocupação em saber quem eram. O terrorismo... já falei disso neste mesmo blog, mas vale ressaltar: mais um nome para você ficar contra quem os EUA querem que você fique. Meu Deus do Céu! A bolsa caiu! E o que você vai fazer? Será que conseguirá trabalhar duro o suficiente para reverter a situação e finalmente conquistar a bonança capitalista aguardada há mais de duzentos anos?

A comunicação é muito mais ou muito menos do que a gente pensa. Muito mais por ser o que nos faz humanos, seres ultra-comunicativos que baseiam nesse processo de troca de informações toda a sua existência civilizada. A comunicação estimula, dia-após-dia, nossas idéias e sentimentos sobre o mundo que nos cerca, ajuda a construir nosso aprendizado desde muito cedo, une e separa pessoas e grupos, inicia a guerra, promove a paz... Agora, se você acha que o objeto criticado até agora foi a comunicação, adicione mais uma palavra: comunicação de massa. Essa é muito menos, essa sim, tenho dispensado. Nessa era da informação, que já deve até ter acabado e ninguém me avisou, tem mais valor até o tipo de comunicação de massa que fazem blogueiros, podcasters e fanzineiros por aí... todos são formadores de opinião em potencial e pode ser um caminho muito mais interessante do que a disputa pelo controle de mentes do jornalismo diário, esse sanduíche com recheio de publicidade que só serve para encher os bolsos de Cidadãos Kane da vida.

Pode ser que nem todos liguem para a bolsa chinesa, mas tenho certeza que os chineses entendem mais de comunicação do que os americanos... só estão esperando o momento certo para dar uma investida esmagadora e tomar o mundo de assalto, à maneira deles, quietinhos. A sabedoria chinesa, meus amigos, os chineses guardam no bolso, não na bolsa. Vão deixar qualquer trombadinha levar um Confúcio, assim, de bandeja? Penso que se o novo mercado dominante será ou já é o chinês, é apenas um novo mercado dominante. A cultura que domina ainda é a americana, a comunicação que rola é a estadunidense, a comida que você come ainda é yankee e o imediatismo comunicativo que você se obriga a acompanhar roendo os dentes é só mais um dos ecos do "new journalism", que teve ótimos expoentes e boas intenções, mas feneceu diante da globalismelação que nos assola. Se a manchete fosse: "A bolsa da China estourou", ao menos eu saberia que ia nascer uma porrada de chinês!

Trilha sonora de hoje: Parabolicamará, do genial Gilberto Gil. Pensem dele o que quiserem... mas ouçam. Xi, não lembrei o nome do "cara"... paciência!

7 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o que escreveu. Quando fui fazer o teste que comentei contigo, na Faap, um dos temas era sobre uma família composta por um casal e dois filhos, se passa no ano de 2121 na cidade de São Paulo. No caso os chineses são a potência mundial, e chegaram no Brasil para tomarem, atraves do podes financeiro, os recursos hídricos.
Tenho a sensação de que não vai demorar muito pra essa sinopse de um programa se tornar uma realidade atual.
Muito bom ler o que escreveu pq tive que discutir com o pessoal da direação sobre esse assunto.
Mas particularmente, adorei quando você diz não ver as notícias atuais, porem seus colegas o lembra de levar o guarda-chuva no dia seguinte! Hahaha

Sucesso pra ti! =]
Beijãããão

Anônimo disse...

Oi,
acabei de ler as 4 partes de uma vez pq nao tinha passado aqui no pc ainda... e espantosamente estava conversando sobre isso com o meu pai hj... pq em funçao dos meus atuais horarios nao assisto mais nenhum jornal e dou apenas uma passada nas manchetes da BBC de vez em qdo e nao mudou mto a minha vida... antes nao saia de casa de manha sem assistir a previsao do tempo... mesmo sabendo q ela sempre errava... entao concordo com vc de q podemos viver sem isso e mto melhor... mas discordo da cultura e afins q temos ainda ser quase td americando.. acredito q jah seja japoes ou chines com a culinaria em expansao, mangás, desenhos na tv, mtos conhecendo a cultura e ensinamentos orientais... principalmente qdo se falam das crianças e adolescentes.. q nao querem mais ir para os EUA e sim para algum pais oriental...
bj

Unknown disse...

Oi, Ju, oi Gabi!

Gabs, na verdade usei a china como uma saída cômica pro assunto da comunicação de massa, mas que os chineses estão chegando não tenho a menor dúvida! Que bom que pude contribuir pra sua discussão, hehe.. Beijos!

Ju, concordo que a mania de mangas e animes tenha contagiado muita gente, mas não estamos falando de uma cultura genuinamente oriental. A cultura pop japonesa tem pouco a ver com as tradições orientais, que são milenares, mas são mais uma mistura de traços de desenho estrangeiros, principalmente americanos, na arte japonesa. E a cultura americana é muito mais "jovem". Acho ainda que vestir-se igual o desenho, colecionar itens e comprar bugigangas em culto ao manga são também hábitos bem americanizados, culto às estrelas, indústria de ídolos, etc. Esse lance de otaku é só mais uma moda, que vai se fundindo com estilos musicais comerciais, vestuário, festas e atividades que apenas reforçam um poderoso mercado, mais do que difundir uma cultura de fato. Enfim, podemos discutir mais sobre isso despues, falei demais, beijo e obrigado pelo comentário!

Anônimo disse...

Eae

Cara, não sei se voce percebeu, ou se so eu percebi ou achei, enfim, o texto foi ficando muito melhor quando voce abandonou a postura (ou forma) do "assim que deve ser", e partiu ao simples "ser".
A partir dai, foi um gol tipico de um camisa 11! (se é, e eu sei, que voce me entende)
É meu caro... seja! E que assim seja! Afinal... a torcida toda precisa de muitos gols.

grande abraço, e obrigado

Anônimo disse...

Muito bom
O jornalismo às vezes é usado mais para a desinformação.
E tratando de jornal impresso, eles são feitos para vc ler o lead e nada mais, a gente só precisa ler o primeiro parágrafo e já sabemos de tudo. Matérias aprofundadas não vendem,como meus professores diriam.
Assistir jornal não vale mais a pena, ninguém quer informar, só querem ganhar o dele.
Mas poxa, vc como jornalista não pode desistir..rs...eu ainda acredito que podemor mudar o mundo :)

ah qm me passou seu blog foi o Leo tá...
bjks

obs: um dia desses eu assisti a um documentario muito bom, estilo universitário sabe, sobre cadeias do Brasil...muito bom mesmo...qm sabe um dia, bem distante o jornalismo deixa de seguir padroes impostos e se renova, cada um de um jeito..sem mais lead, sem mais titulos padronizados...

Unknown disse...

Pois é, colega jornalista, mas não se preocupe: eu tanto não "desisti" do jornalismo que estou aqui blogando, não? Hehe... O que é até já uma mania velha entre os jornalistóides.

Na verdade, o lead é uma técnica ótima, pelo menos ao fim a que ele serve. Mas não passa de mais um recurso de "agilização" da vida das pessoas, não é mesmo? Tudo contribui e conspira para tornarmo-nos cada vez mais apressados e isso é o fim. Se vc ainda faz faculdade, vai custar a se livrar dele, é automático. E quando resolve fazer um lead "alternativo", tome comida do editor!

Já o documentário, a crônica, o jornalismo gonzo e tantos outros estilos, ainda apontam para uma possível salvação. Procure por Joe Sacco na internet, ganhei um gibi-reportagem dele sobre a palestina que é sensacional. Jornalismo em quadrinho é muito interessante. E ele não tem medo de mostrar o lado em que está, o que acho muito melhor que esse favorecimento político e social mascarado de "imparcialidade" que temos de engolir todos os dias.

É isso aí, falei bastante, prazer Daiane! Beijos!

P.S.: Nunca chamei o Leo de "Leo", demorei uns 10 segundos até passar pela cabeça que era o Morita, ou Hernandez, hehe...

Anônimo disse...

hehe...ah eh q eu só chamo o japa de Leo..mas se tu conhece como Morita então assim vou chamar..rs

ah eu ainda to cursando e odeio lead...isso prende muito o jornalista, mas pelo menos esse ano o lead vai ficar um pouco de lado, já que estou aprendendo a escrever pra revista, o q é beeeeeem mais legal.

vou procurar sobre ele sim, pode deixar

bjks