quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Brinque o Mundo (after work shower insight)

Talvez as crianças não assimilem bem a ideia de reza, da oração imposta por seus pais tementes a Deus, pois ainda creem (ou sabem) que o mundo já lhes deu tudo o que precisam. É assim, brincando o mundo, que agradecem por todas as bênçãos recebidas à vista, de uma só vez, já nesse curto período de existência terrena, segundo nossos apressados calendários. A esperança, então, já está implícita no simples saber: amanhã tem mais. Mais para explorar, conhecer, desfrutar, motivos pelos quais e para os quais o planeta foi feito!

Crescer é, portanto, esquecer, ignorar, desconhecer que o mundo já é, já está, é nosso e de todos. O respeito por ele (e pelos seres que o habitam) acaba quando aquele ingênuo querer infantil torna-se o ávido cobiçar adulto, que em vez de nos afastar de um obstáculo que o mundo coloca diante de nós, como quem diz: "daqui não precisas passar", nos motiva a destruir, eliminar, erradicar a barreira, tida como um inimigo dessa infinita sanha. Ser adulto é deixar de brincar o mundo e passar a brigar com ele.

O resto é sabido: começa-se a destruir, construir, extrair, minerar, discriminar, limitar, excluir, acumular, roubar, agredir, matar, poluir, estuprar, fingir, quebrar, ter, ter, ter e ter, mais e mais, até que uma criança, afundada na amargura do mais profundo esquecimento, que luta para surgir diante de nós, chama nossa atenção em meio ao desespero provocado por nossa própria ganância, nos desperta para o que foi perdido. Vem a dor, a frustração, o pesar, a angústia, a doença... Não sabemos mais brincar, então fazemos o que nosso pequenino e antigo eu pede, em súplica: reza, ora.

Rezamos, oramos.

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