quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Na Superfície

Na certeza da rotina
nada mais me surpreende
meu olhar petrificado
chora lascas de metal

A cidade é a saída da cidade
e a saída da cidade não se dá
nem se vende

Eu sinto bom resquício de bondade
meu amor a serviço da saudade
e a memória que se dá
meu coração entende

Mas perco a medição de tudo
não me seduz medusa
e lágrima se produz

Nosso pranto desemboca na avenida
margeando a dor da rua
cortando-lhe toda a face

Toda personalidade foge
toda paz, imersa em túneis
sedimenta calmamente
os subterrâneos do ser

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