
Crescer é, portanto, esquecer, ignorar, desconhecer que o mundo já é, já está, é nosso e de todos. O respeito por ele (e pelos seres que o habitam) acaba quando aquele ingênuo querer infantil torna-se o ávido cobiçar adulto, que em vez de nos afastar de um obstáculo que o mundo coloca diante de nós, como quem diz: "daqui não precisas passar", nos motiva a destruir, eliminar, erradicar a barreira, tida como um inimigo dessa infinita sanha. Ser adulto é deixar de brincar o mundo e passar a brigar com ele.
O resto é sabido: começa-se a destruir, construir, extrair, minerar, discriminar, limitar, excluir, acumular, roubar, agredir, matar, poluir, estuprar, fingir, quebrar, ter, ter, ter e ter, mais e mais, até que uma criança, afundada na amargura do mais profundo esquecimento, que luta para surgir diante de nós, chama nossa atenção em meio ao desespero provocado por nossa própria ganância, nos desperta para o que foi perdido. Vem a dor, a frustração, o pesar, a angústia, a doença... Não sabemos mais brincar, então fazemos o que nosso pequenino e antigo eu pede, em súplica: reza, ora.
Rezamos, oramos.
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