quarta-feira, 13 de maio de 2009

Me Espera


O silêncio cômodo e diário de renúncia
como podemos deixar?

Quem verteu sobre nós essa cera
de sobrevivência opaca e escura
secou nossas bocas
de qualquer fluidez que fora

E eu me sinto perdendo tempo
perdendo tempo
perdendo tempo!
Pois só me ensinaram a ganhar

Fui criado em glória crônica
temperamental, maculosa
de se ter sempre sem

E sou obrigado a ver e ser
uma dessas caras fechadas sem gosto
no retorno pro retorno
sem lar
nem lugar pra apoiar o caderno,
com espetos no recosto
nesse câncer de paredes
sem mesas nem cadeiras
pra descansar

E será que há medo semelhante
ao medo do semelhante?

Há muita gente nesse rio em cheia
de gente cheia de gente
E minha cabeça cheia
de complexa inutilidade

Depressão profunda na face do mundo
e o mundo de costas pra vida

Eu sei que há beleza,
me espera,
eu sei que a beleza me espera
só não quero fazê-la esperar

Um comentário:

Viajanteee disse...

E assim o rio passando
pelas pontes
encantos
e desencantos