terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Jogada de abertura


Sou um admirador de xadrez. Não um enxadrista, não um jogador amador… no máximo um jogador iniciante: mas um admirador de xadrez. A quem já teve o prazer de observar um tabuleiro e ver mais do que um jogo velho, de velhos, para velhos, dedico portanto esta singela abertura. Sejam bem-vindos também os analfabetos nesta arte, pois estão em um nível bem próximo do meu. Para explicar brevemente o título deste blog, uma referência wiki, bem à moda internetiana:

In chess, a passed pawn is a pawn as to which there are no opposing pawns to stop it from advancing to the eighth rank.

Tradução livre:
No xadrez, um peão passado é um peão que não possui peões adversários em condições de impedir seu avanço à oitava linha.

O peão, meus caros, minhas caras, é a peça mais fraca em um tabuleiro de xadrez. Seu valor é geralmente a medida mínima, que serve de rereferência para as demais peças, o que faz um cavalo valer três peões, uma torre, cinco, e assim por diante. É desta maneira pois ele pode se mover apenas um quadrado por vez (exceto na primeira jogada, em que é possível andar duas casas), sempre para frente e verticalmente, a não ser quando ataca outra peça - único momento em que muda seu curso monótono e retilíneo para capturar diagonalmente.

Quando se torna um peão passado, como mostrado no exemplo acima, podemos dizer que ele atingiu um nível razoável de liberdade e independência, além de uma posição privilegiada, pois ataca as linhas em que geralmente ficam posicionadas até a metade do jogo algumas peças de grande porte: a torre, o rei... Dispensemos comentários sobre esta que é a principal peça do xadrez, a que deve ser encurralada para se vencer. Assim, um peão passado exerce influência direta em momentos mais críticos da partida e adquire ares mais ameaçadores.

O auge na vida de um peão é a promoção. Quando ele atinge a oitava linha (pois um tabuleiro também possui colunas), a contar de baixo para cima, na perspectiva do jogador que faz o movimento, ele pode se transformar em qualquer peça do tabuleiro que servir ao propósito, exceto o rei: cavalo, bispo, torre ou rainha. Na maioria dos casos, o enxadrista prefere transformar sua peça em uma rainha, pois esta tem o poder de se movimentar e capturar em longas distâncias, por todas as linhas, colunas e diagonais - a peça mais valiosa.

Se até agora não foi possível perceber que o xadrez é uma metáfora para a vida, peço que se esforçe um pouco, pois esta é exatamente a parte que gostaria de compartilhar com os possíveis leitores, ou comigo mesmo, se o único leitor destes escritos for. Porém, é imprescindível ter uma lição em mente: o peão deixa de ser a peça mais fraca do jogo não só quando é promovido, mas quando está bem estruturado em relação aos outros peões, as peças encontradas em maior número neste tabuleiro. Portanto, sua força vem basicamente da união.

Deixo claro que a metáfora, que será construída lentamente por mim, pelos futuros colaboradores e pelos leitores, serve para todos os aspectos que me interessam e espero interessá-los: cultura, arte, filosofia, política, ciência, espiritualidade… é tudo o que permeará este blog e, com sorte, é o que conseguirei transmitir, com a ajuda de todos, de maneira que toque o coração de quem lê. Dispor palavras, fazer que com isso seja sentido e promover relativa união é meu desafio, um estudo, um objetivo: o xeque-mate. Qual é o seu?

2 comentários:

Anônimo disse...

oi
adorei o texto como sempre.. eh bem auto explicativo.. um ótimo começo... e eh claro q nao seria só vc a le-lo...
bj

Anônimo disse...

Grande Allan,
como não tocar o coração das pessoas com um texto desse?
Você sabe que quando quer, escreve maravilhosamente bem!
Parabéns mais uma vez... Pode ter certeza que será muito prazeroso acompanhar esse blog.
Ainda mais por que será discutido certos temas que nem me interessam, sabe? Arte, cultura, filosofia... nem gosto! Hahaha
Sucesso, pequenino.
Um Beijo giganteesco!